terça-feira, março 30

Transporte Marítimo em debate na Ilha


A falta de um sistema de transporte marítimo em
Florianópolis revela que a capital de Santa Catarina, embora localizada
em uma ilha, cresceu de costas para o mar, desde a construção da Ponte Hercílio Luz em 1926. Para tentar reverter este processo, no último fim de semana foi realizado o I Seminário sobre Transporte Marítimo em Florianópolis.

Organizado pela Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais,
o evento contou com palestras de especialistas em várias áreas como
oceanógrafos, biólogos, representantes da marinha e uma procuradora da
república, abrangendo os vários aspectos que envolvem a implantação de
um sistema de transporte aquaviário na ilha de Santa Catarina.

A questão da mobilidade urbana
é um dos grandes desafios do crescimento de Florianópolis nas próximas
décadas e é ponto pacífico que estando localizada em numa ilha, a cidade
possui um imenso potencial de aproveitamento das vias marítimas que
deve ser explorado para aliviar o trânsito de veículos - a exemplo do
que acontece em metrópoles como Sydney na Austrália.


Beira-mar norte é uma das principais vias marítimas da ilha

O oceanógrafo Alberto Costa Neves
focou o seu discurso na sustentabilidade, apontando os muitos
benefícios do sitema de transporte aquáviário em comparação com outras
soluções para o fluxo da população, como a construção de novas pontes e
estradas, por exemplo. Com premissas que envolvem o aproveitamento racional dos recursos naturais - em sintonia com a filosofia do Conceito Next Generation - ele apresentou a seguinte reflexão:

"Para um empreendimento ser sustentável ele deve atender quatro requisitos básicos. Primeiramente, ele deve ser ecologicamente correto. Deve atender a todo os requisitos, leis e regulamentos. Deve também ser economicamente viável.

Vejam
que este termo é abrange muito mais do que o custo da implementação do
transporte aquaviário na ilha. Temos que levar em consideração o que
será economizado em gás carbônico, que deixará de ser emitido na atmosfera, em pontes que não precisarão ser construídas etc.

O terceiro e quarto requisito é que seja socialmente justo e culturalmente aceito.
Para isso, será necessário fazer uma campanha de esclarecimento, o
projeto tem que ser apresentado corretamente a população para que
funcione".



O oceanógrafo aponta para a necessidade de um sistema de transporte inicial que faça a ligação Continente-Ilha, entre o Abraão e o Centro, para desafogar as pontes, além de uma ligação costeira norte-sul lgando Canasvieiras-Centro-Ribeirão da Ilha
e com a possível criação de outras paradas em algumas praias ao longo
do caminho - um sistema que beneficia uma parcela significativa da
população e que também é altamente integrável ao turismo.

Atualmente, o único sistema de transporte aquaviário público em Florianópolis é o da Cooperbarco que atende a população da Costa da Lagoa da Conceição.

"O
transporte marítimo é o menos poluente que existe, previne riscos de
engarrafamento, é seguro. As vias navegáveis são vias prontas. O máximo
que se precisará em questão de infraestrutura é de terminais
hidroviários, mas não há necessidade de asfaltamento", resume Costa
Neves.

Leia mais sobre o evento aqui e aqui.


Créditos: foto 1- woodleywonderworks / foto 2 - rodrigo_soldon / foto 3 - di_the_huntress


Tags: mobilidade

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